Alguns pedaços de papéis já amarelados, vestígios de tempos... Escritos com rasuras, uma carta datada em 1967 de um velho e querido amigo, uma foto que não lembro mais quem seja!
Uma declaração de amor feito, mas jamais entregue, muitos versos acabados e inacabados com frases pela metade...
Um desenho ilustrado no momento que se vivia todo sentimento (alentos e desalentos) feito por mim já esquecido naquela velha e saudosa gaveta.
Sempre via e desprezava aquele acervo de memórias não tão obstante dentro da gaveta que pra mim pouco importava!
Em certos momentos não podeis mexer ou abrir certos lugares, desde que, saibas o que encontrarás dentro de uma simples gaveta que lhe remete a um passado de matizes variados.
Eu torturado pelo presente e crente num amanhã precisava arrumar mais espaço p’ro meu trabalho, e não havia mais espaço a não ser retirando a gaveta.
Eu fiz o que tinha de ser feito! Retirando a gaveta descobri que os papéis, carta, foto, declaração, versos e desenho guardavam informações preciosas, como as matérias vista na faculdade, nomes e números de telefones etc.
Uma carta depois de 25 anos aberta... já não há mais validade pois não sei se meu amigo esta ainda entre nós, pois na carta ele dizia que estava muito doente e também não sei se esta morando no mesmo endereço...
E a foto que não conseguia relembrar quem era, mas quando a vi me trouxe sensações e reações inesperadas tais como, os meus prantos e uma reação de plena impotência se aconchegaram até a mim, de poder ver um retrato de alguém e revelar toda minha nostalgia cuja era muito especial na época da faculdade (apenas lembro disso). Afinal, estou com 49 anos, depois de 25 anos de muito trabalho, com ambições diferentes, novos amores, grandes realizações, com filhos e estou à beira de meu jubilado.
Ahhh! Esta declaração de amor então, que emocionante de tão piegas realmente estava muito apaixonado, até fiz um verso, que um trecho dizia:
“... sua pele rosada e macia me deixa perdido quando me abraça e o seu perfume sempre me arrebata assim como jasmim exala nas noites de primaveras...” até poderia ser a mãe dos meus filhos que declarara esta confissão tão veementemente que parecia ser a única mulher com quem iria me casar e viver pelo resto dos meus dias que lhe tinha o puro e verdadeiro amor...
Infelizmente, não entreguei esta confissão sentimental a esta moça que se chama Anna Victória, sempre esperava o momento oportuno, mas não houve, e aí acabei me formando cada um seguiu seu caminho, de vez em quando encontro com ela, quando vou apanhar as crianças na escola, inclusive minha filha estuda na mesma escola que filho na Anna, mas temos nossas vidas cheias de responsabilidade e atribulada que não nos deixa conversar por falta de tempo, e além do mais eu amo a minha mulher Helena.
E os meus versos muitos bem acabados e outros inacabados... Olha como escrevia bem! Saudades destes velhos tempos. Aqui na gaveta tem mais de 100 versos... imagina o quanto devo ter escrito!
Eu rimava muito bem até sempre me diziam pra deixar a medicina e fazer um curso de Letras...
E este desenho que não sei o que estava sentindo quando eu o desenhei, parece ser um desenho triste, não sei!
Infelizmente este tempo todo que ficou guardado desconfigurou as formas.
A partir de hoje vou tentar ser uma outra pessoa diferente dar mais valor no meu passado até no dado momento era ínscio...
Meus filhos hei ensiná-los a ter uma memória do passado porque o passado é muito rico e pobre ao mesmo tempo: rico, porque tem uma infinidade de lembranças boas e más; e pobre pelo fato de não poder fazer alguma coisa já feito por ser imutável!
Até então, uma gaveta menosprezada por mim, repentinamente, me deparo com todas estas lembranças de um passado que é única coisa concreta, porém hoje tenho uma vida completamente diferente da outra, dentro da mesma!
Realmente vou tentar achar mais gavetas, caixas, baús enfim pela casa de minha mãe, ou senão vou pedir a ela pra que me conte coisas de minha infância porque certamente vou ter mais lembranças e grandes surpresas de um passado que pertence a mim e quero muito contar estas histórias e aventuras para o Augustus e a Sofia meus queridos filhos e netos.
Bom, vou à casa de mamãe para especular minhas histórias, tomar um cafezinho e quem sabe achar mais algumas lembranças (caixas, baús, guarda-roupas...) por lá, e ela irá adorar contar minhas histórias mas, enquanto isso vou adiantar meu trabalho e a tardezinha vou até lá!
Sobre meu personagem: Holavo Dantas nascido em 15 de julho 1902 na cidade de Uberaba-MG
Uma pessoa excêntrica...
Profissão: médico e costuma de vez em quando escrever alguns artigos.
Hobbye: ser um andarilho noturno. Atualmente mora no Rio de Janeiro.
Adriano-José (Holavo Dantas)