segunda-feira, 25 de abril de 2011

Latino-Americano

Dentro da balada de uma madrugada qualquer
Tece sentimentos incompreensíveis num mero
papel, tentando fazer da imaginação um palco
Atuando como se fosse o ato único desta peça...
Tece todo ranger de uma ilusão na percepção
De um indigente pedindo alguma migalha de pão
e uns tostões pra acelerar os ponteiros do tempo
que sinaliza seus 30 e poucos anos... Quer um
abrigo e abrindo jazigo p’ro lamentável fim.
Mas não, outros querem que o relógio corre
numa marcha lenta, assim pode fazer mais
vítimas, ignorando a vida, onde tem mais valia
é da vida de seus bilhões...
Vida completamente condenada e mais
Violenta ainda por estar julgada em gerações
a padecer como se uma verdadeira vereda de
genocídio...
Nos seus 11 anos, viu o fiasco que prenunciara
o futuro impiedoso da família...
Seus olhos ainda havia um resquício de esperança...
Mesmo diante de todo aquele processo de
dilaceração de toda família, restou somente ele
como se fosse um super-homem, dentre todos
aqueles... um dos mais fortes combatente da
guerra pela sobrevivência num constante e
execrado diário no direito da dignidade pela vida.
Alguns anos se passaram... já não residira a
esperança em seu peito, espera-se a morte como
se fosse o alvo certo duma flecha envenenada
pelo vício de exterminação expurgando todos
os “grandes males”.
Em alguma fila de espera tenta morrer com
dignidade... com uma ânsia de ser ouvido, geme...
geme... sentindo a dor da indigência nas entranhas,
toma o derradeiro fôlego e grita... grita... Ah!Ah!Ah...
Seus gritos se confundem com os outros 107 a sua
frente na espera de algum atendimento público.



Sobre o autor:
Leonardo Alvez...

                                                          

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Invenção



A palavra em estado gasoso, olhares

concretos feitos de mármores.

O silêncio se personifica num “ser”

em (de)composição.

O cheiro se solidifica em espectro numa

Intensa consubstanciação do

pecado e da antimatéria.

A penumbra diz que a luz negra é a

matéria por si só.

Uma outra boca pungente esta a dizer:

Loucura!! Estúpida!

Loucura essa, a mais santa: és a

Imaginação desnudada de qualquer razão,

à lágrima tens um sabor de vinho tinto

que escorre pelos olhos enfurecidos do caos e

segue a beleza e a tragédia de algum falso mito.

À Imaginação, tens a forma mítica, de um tocha

sempre acesa que estala qualquer consciência.



Adriano-José

                                             

domingo, 10 de abril de 2011

Quadros






Sobre a pintora:
Os quadros são feitos pela minha irmãzinha Esther, que na época tinha 8 aninhos, que orgulhosamente, coloco no Canto de Reticências algumas de suas pinturas para que possam apreciarem e conhecerem sua arte.


sexta-feira, 1 de abril de 2011

O sonho não deve passar de uma noite




Um camarada trabalhava há 30 anos numa fábrica, ele saía da fábrica todo dia para encontrar os amigos, ir ao cinema, encontrar mulheres…
Ia pra casa. Fazia isso todo dia.
Há 30 anos…
Um dia ele faz tudo isso, chega em casa, dorme e tem um sonho.
Acordou, não ligou e foi trabalhar, fez tudo o que tinha para fazer, voltou, foi pra casa, dormiu e teve o mesmo sonho.
Era uma nebulosa que estava se transformando num coração e ele queria ver até onde ia esse coração…
A formação de um peito juvenil… Ele acordou. Foi trabalhar. Já não conversou tanto com as pessoas quando saiu do emprego pra ir pra casa. Dormiu e sonhou o mesmo sonho.
Então aparece o peito de um rapaz, a perna de um rapaz o braço de um rapaz… Ele acordou. Foi trabalhar... saiu correndo do emprego pra chegar em casa e dormir… O sonho continuava, tinha o sexo de um rapaz, a cara de um rapaz.. ele acordou.
Foi trabalhar, pediu pra sair mais cedo, era um grande funcionário, permitiram, foi correndo pra casa… aí o garoto falou e ele acordou.
Foi trabalhar e pediu pra trabalhar só de manha. Começou a conversar com o rapaz… Então pediu demissão da fabrica pra só dormir e sonhar... E ficou mostrando as ruas e as mulheres… pro rapaz até q um dia o rapaz falou assim:
-’eu tenho uma namorada, você sabe, eu fui a casa dos pais dela me aceitaram como noivo dela e querem que eu case com ela, mas eles querem conhecer minha família…você pode me dizer quem é a minha família?’
No sonho ele disse:
-pra dizer quem é a sua família eu vou ter q acordar e procurar saber qual é a minha.
Acordou e começou a procurar... Quando ele percebeu q ele também era o sonho de um outro.


PS: Transcrito da livre interpretação de Antônio Abujamra.


                                                  
Sobre o autor: 
Jorge Francisco Isidoro Luis Borges Acevedo, mais conhecido como Jorge Luis Borges (Buenos Aires, 24 de agosto de 1899 — Genebra, 14 de junho de 1986) foi um escritor, poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta argentino.